– Tão bonitinha…, pensou Bebel sobre a bezerrinha da raça holandesa, de pelagem preta e branca, com registro, foto e tudo mais, enquanto apoiava a cabeça, voltada para o lado de fora da janela da sala de aula, dispersa.
Suspirou, com o olhar perdido no horizonte. Pensou na sorte de seu irmão, que ganhou a bezerrinha do fazendeiro que vendeu um grande lote de vacas holandesas para seu pai.
Somente o pai e a mãe de Bebel viajaram para fazer a compra das vacas, apesar da insistência dos filhos em acompanhá-los na viagem. Voltaram com 40 belas vacas leiteiras e uma linda bezerra, vindas do sul de Minas. Seu Honório, que vendeu o gado, ao saber do pedido do filho do comprador, que disse veementemente: – papai, traga bezerrinhas! Comoveu-se e acrescentou ao lote vendido uma bezerra registrada como presente ao menino.
– Papai podia ter trazido mais bezerrinhas. Eu queria tanto uma… tadinha dela…, pensava Bebel com olhar ainda perdido janela afora.
A bezerra, que chegou em épocas de chuvas de verão, foi colocada imediatamente com os outros bezerros no bezerreiro.
Era uma época complicada, pois animais de raças puras, especialmente recém chegados à fazenda, reunidos no bezerreiro e com chuva desabando do céu todos os dias, ficavam susceptíveis às diarréias, infecções e demais doenças comuns em bezerros aglomerados e sob forte umidade. O animalzinho adoeceu nos primeiros dias e morreu. Bebel lembrava de seu irmão que ficou chateado, pois seria sua primeira vaca!
E Bebel pensava na bezerra, pensava no seu irmão, pensava na bezerra, pensava no seu irmão. Quando a professora interrompeu o pensamento em pingue pongue com um grito lá da frente da sala:
– Ô Bebel! Preste atenção na aula! Por acaso você está pensando na morte da bezerra?
E Bebel, num gesto quase que imediato, balançando com os ombros e sem sequer imaginar como a professora poderia saber o que ela tanto pensava para não estar participando da aula, responde inocentemente:
– Eu não. A bezerra nem era minha. Era do meu irmão mesmo…